A mulher- inclusão social e o mundo do trabalho é tema de mesa redonda no II Simepe

11.11.15

Segundo um estudo da Universidade de Princeton apresentado pela pedagoga Rafaela Kelsen do IF Sudeste MG - Campus São João del-Rei, as mulheres ainda têm uma participação incipiente, se comparada a dos homens, em áreas de conhecimento como as ciências exatas, naturais e campos das ciências humanas considerados mais complexos pelo senso comum, como a Filosofia.

Buscando ampliar essa participação e a discussão a respeito do tema, o II SIMEPE trouxe em sua programação a Mesa Redonda “A mulher, inclusão social e o mundo do trabalho”, apresentada por representantes dos campi Barbacena, Muriaé, Santos Dumont e São João del-Rei com a coordenação da Professora Adriana Magalhães Veiga de Broutelles do Campus Barbacena.
Professora Vilma Azevedo apresentou o trabalho “Considerações sobre a questão de gênero: projetos de Extensão com mulheres de comunidades rurais e periféricas do Campus Barbacena”. Mariana de Paiva trouxe a tona “O universo da mulher rural-Projeto Participar sem medo de ser mulher do Campus Muriaé”.  Geísa Soares trouxe o relato do Campus Santos Dumont com “Uma experiência do projeto Mulheres Mil em Santos Dumont- Qual o lugar da mulher?”. Já Rafaela Kelsen tratou sobre “Ciência, gênero e literatura: a exclusão epistemológica da mulher”.

A plateia lotada de participantes, homens e mulheres, ouviu atentamente as exposições e após os relatos foi aberto a perguntas dos participantes. Ao serem perguntadas sobre o que a Extensão do IF Sudeste MG poderia fazer para ampliar a participação feminina no Ensino e mercado de trabalho, Mariana, sugeriu a necessidade de editais específicos para este público para que haja um fomento de participação de mulheres em projetos extensionistas, em especial aqueles voltados à comunidade externa.

Vilma reforça a importância da Extensão ao explicar que está há 15 anos em Barbacena e percebe que o campus no município abriu as portas para a realidade local. “Abrimos espaço para sindicatos, grupos excluídos como projetos sociais e comunidades quilombolas. Tivemos o curso de Economia Doméstica que foi incluso na matriz do campus e na época permitiu a profissionalização da mulher, ainda que no âmbito doméstico. Mesmo assim, abriu as portas para o mercado de trabalho para estas mulheres”.
Geísa, por sua vez, trouxe o exemplo de mulheres que foram empoderadas no Campus Santos Dumont trabalhando com decoração de festas infantis, artesanato, bem como um projeto para que juntas às alunas do curso de Salgadeira criarem um micro empreendimento de buffet e organização de festas. “É importante fazer uso do poder de fala das mulheres. Vamos ouvir mais as mulheres!”, ressaltou.

Ainda que a literatura, como ponderou Rafaela, não tenha necessariamente que assumir um compromisso com a realidade, a pedagoga destacou o aumento do protagonismo das mulheres nas obras literárias nos últimos anos em textos escritos tanto por homens quanto mulheres. Ao trazer este protagonismo, a literatura acaba por permitir a reflexão sobre a inclusão e a realidade social feminina. Em relação à exclusão epistemológica da mulher, encerrou sua fala aos presentes valorizando a própria reflexão trazida pelo II SIMEPE “O que penso que seja suficiente se destacar, por hora, seja simplesmente o fato de estarmos no dia de hoje pensando o lugar da mulher dentro do mercado de trabalho e nos campos da Ciência e da Tecnologia. Uma discussão semelhante, penso eu, jamais seria vivida seja por Alma Whitaker (personagem do romance The signature of all things de Elizabeth Gilbert), seja por outras heroínas das Ciências que foram, e são, omitidas e excluídas na academia e nas inúmeras arenas da esfera social”, conclui.

Texto e imagens: Juliana Rodrigues


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