Participantes do II Simepe discutem a inclusão em sala de aula
11.11.15
Sabendo que as escolas precisam se preparar para receber e
passar conhecimento a estudantes portadores de necessidades específicas, a
organização do II Simepe se preocupou em apresentar a seus participantes
recursos disponíveis no mercado e que já são utilizados em algumas
instituições. Na última terça-feira, dia 10, o mestrando em Diversidade e
Inclusão da Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedro Rafael Oliveira Pinto,
contou sua experiência como estudante e como servidor do Colégio Pedro II (RJ).
Cego, Pedro relatou como instrumentos são capazes de auxiliar no processo de
aprendizado de estudantes com necessidades específicas.
Durante sua exposição, ele lembrou que o Colégio Pedro II
trabalha com estudantes cegos desde a primeira metade do século XX, quando fez
parceria com o Instituto Benjamin Constant. Isto lhes deu respaldo para
desenvolver recursos específicos para este público. “Mas, até pouco tempo, o Colégio
fazia estas ações na base da boa vontade. Quando nos integramos ao sistema de
ensino federal profissionalizante, começamos a nos guiar pelas regras gerais.
Isto tem nos ajudado”, lembrou.
Entre os materiais apresentados pelo servidor, estão as
células táteis, desenvolvidas em parceria com os professores de Biologia; peças
de estudo de física, como roldanas; e um globo terrestre tátil. Ele lembra que
as escolas não devem se preocupar exclusivamente em ter livros em Braille como
recurso para os estudantes cegos. “O livro é importante porque o estudante
precisa conhecer o conteúdo. Porém, o volume dos materiais em Braille é muito
maior que o tradicional. Uma publicação comum de 200 páginas é traduzido em
volumes que, empilhados,chegam na altura da cintura de uma pessoa de estatura
mediana. Pela dificuldade em se carregar estes materiais, é preciso que o
professor dê um tempo maior ao estudante para que ele consiga ler”.
Pedro reforçou ainda que os docentes não podem deixar que o
sentimento se sobressaia no momento de lidar com os deficientes. “Alguns alunos
aproveitam sua situação para convencer os professores a lhes ajudarem a passar
durante os cursos sem que tenham que estudar. Não podemos lidar com pena.
Estamos ali para oferecer condições para que eles se desenvolvam e adquiram
conhecimento”.
Ação no IF Sudeste MG
A coordenadora de Ações Inclusivas do IF Sudeste MG, Wanessa
Moreira de Oliveira, também participou do evento. Ela apresentou recursos que
podem ser utilizados pelas equipes para lidar com alunos que tenham
dificuldades auditivas e de visão. Ela ressaltou que algumas ações simples já
auxiliam na compreensão dos conteúdos repassados pelos professores e que podem
ser adotadas sem gastos excessivos. Entre elas, estão utilização de vídeos e
mídias com legendas, descrição e ampliação de imagens. Além disso, ela lembrou
que há um segmento da área de informática desenvolvendo aplicativos voltados
para estes públicos, como é o caso dos tradutores de Libras.
História e cultura
afro-brasileira e indígena
O mesmo painel ainda tratou da inclusão nas escolas
brasileiras sob outro viés: o da história e cultura afro-brasileira e indígena.
A servidora do IF Sudeste MG, Gisélia Campos, falou sobre a ausência deste tema
nos programas curriculares das instituições de ensino. Ela realizou
levantamento em alguns cursos e observou que, quando o tema é tratado em sala
de aula, é de forma pontual, por meio de um projeto. “Mas não basta mais apenas inserir o assunto.
É preciso ampliar a discussão e fazê-la constante”, ressaltou, lembrando que as
políticas de inclusão orientam para que os concursos de admissão de professores
incluam bibliografia sobre os temas negros e índios, que sejam implementadas
pesquisas na área e que haja uma revisão do material didático utilizado
atualmente.
Textos e imagens:
Lidiane Souza
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