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Participantes do II Simepe discutem a inclusão em sala de aula

Sabendo que as escolas precisam se preparar para receber e passar conhecimento a estudantes portadores de necessidades específicas, a organização do II Simepe se preocupou em apresentar a seus participantes recursos disponíveis no mercado e que já são utilizados em algumas instituições. Na última terça-feira, dia 10, o mestrando em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedro Rafael Oliveira Pinto, contou sua experiência como estudante e como servidor do Colégio Pedro II (RJ). Cego, Pedro relatou como instrumentos são capazes de auxiliar no processo de aprendizado de estudantes com necessidades específicas.

Durante sua exposição, ele lembrou que o Colégio Pedro II trabalha com estudantes cegos desde a primeira metade do século XX, quando fez parceria com o Instituto Benjamin Constant. Isto lhes deu respaldo para desenvolver recursos específicos para este público. “Mas, até pouco tempo, o Colégio fazia estas ações na base da boa vontade. Quando nos integramos ao sistema de ensino federal profissionalizante, começamos a nos guiar pelas regras gerais. Isto tem nos ajudado”, lembrou.
Entre os materiais apresentados pelo servidor, estão as células táteis, desenvolvidas em parceria com os professores de Biologia; peças de estudo de física, como roldanas; e um globo terrestre tátil. Ele lembra que as escolas não devem se preocupar exclusivamente em ter livros em Braille como recurso para os estudantes cegos. “O livro é importante porque o estudante precisa conhecer o conteúdo. Porém, o volume dos materiais em Braille é muito maior que o tradicional. Uma publicação comum de 200 páginas é traduzido em volumes que, empilhados,chegam na altura da cintura de uma pessoa de estatura mediana. Pela dificuldade em se carregar estes materiais, é preciso que o professor dê um tempo maior ao estudante para que ele consiga ler”.
Pedro reforçou ainda que os docentes não podem deixar que o sentimento se sobressaia no momento de lidar com os deficientes. “Alguns alunos aproveitam sua situação para convencer os professores a lhes ajudarem a passar durante os cursos sem que tenham que estudar. Não podemos lidar com pena. Estamos ali para oferecer condições para que eles se desenvolvam e adquiram conhecimento”.

Ação no IF Sudeste MG
A coordenadora de Ações Inclusivas do IF Sudeste MG, Wanessa Moreira de Oliveira, também participou do evento. Ela apresentou recursos que podem ser utilizados pelas equipes para lidar com alunos que tenham dificuldades auditivas e de visão. Ela ressaltou que algumas ações simples já auxiliam na compreensão dos conteúdos repassados pelos professores e que podem ser adotadas sem gastos excessivos. Entre elas, estão utilização de vídeos e mídias com legendas, descrição e ampliação de imagens. Além disso, ela lembrou que há um segmento da área de informática desenvolvendo aplicativos voltados para estes públicos, como é o caso dos tradutores de Libras.

História e cultura afro-brasileira e indígena

O mesmo painel ainda tratou da inclusão nas escolas brasileiras sob outro viés: o da história e cultura afro-brasileira e indígena. A servidora do IF Sudeste MG, Gisélia Campos, falou sobre a ausência deste tema nos programas curriculares das instituições de ensino. Ela realizou levantamento em alguns cursos e observou que, quando o tema é tratado em sala de aula, é de forma pontual, por meio de um projeto.  “Mas não basta mais apenas inserir o assunto. É preciso ampliar a discussão e fazê-la constante”, ressaltou, lembrando que as políticas de inclusão orientam para que os concursos de admissão de professores incluam bibliografia sobre os temas negros e índios, que sejam implementadas pesquisas na área e que haja uma revisão do material didático utilizado atualmente.

Textos e imagens: Lidiane Souza

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