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Papel da mulher negra intelectual é tema de debate

A posição da mulher negra no Brasil foi tema de uma das atividades desenvolvidas na tarde desta terça-feira, 13, no Simepe. A mestre em Educação e servidora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Érika Pereira, falou sobre sua inserção no mundo acadêmico, sendo mulher, negra e moradora de uma comunidade no Rio de Janeiro. Já a integrante do Grupo de Intelectuais Negras, Janete dos Santos Ribeiro, apresentou o trabalho que está desenvolvendo para a divulgação da literatura feita por mulheres negras.
Érika lembrou sua infância na escola pública e os poucos incentivos que tinha para continuar os estudos. Mesmo assim, decidiu contrariar a expectativa e seguir para a graduação. “Consegui passar para Pedagogia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Chegando lá me deparei com outra situação: onde estavam os iguais a mim? Em uma turma de cerca de 60 pessoas, éramos apenas três negros. Como isso em um país que tem a segunda maior população negra do mundo?”.
Este fato somente reforçou a vontade de Érika de se posicionar como mulher negra na academia. Ela continuou seus estudos, fazendo mestrado e também sendo aprovada no concurso de uma universidade pública. “Observei que, na faculdade, não temos relação com autores negros. Ainda é constrangedor falarmos sobre racismo, inclusive nas universidades. Temos que enfrentar isto em todos os níveis”.
Aproveitando o gancho deixado por Érika a respeito de autores negros, Janete iniciou sua fala, explicando que o Grupo de Intelectuais Negras pretende ampliar o conhecimento a respeito da mulheres que se dedicam à literatura brasileira. “Quem aqui já leu algum texto de um autor negro”, questionou. Poucos da plateia levantaram a mão. “Alguém já leu Carolina Maria de Jesus”, continuou perguntando. Somente um participante confirmou conhecer a autora. O cenário modificou quando questionou a respeito das obras de Lima Barreto, Machado de Assis. “Esta é a prova de que todos vocês já leram autores negros e nem sabem disso”.
Com este exemplo, ela explicou que o grupo pretende divulgar não apenas as obras das autoras, mas, principalmente, mostrar que as negras ocupam um lugar de destaque na produção literária. Para tanto, citou nomes, como os de Elisa Lucinda, Lia Vieira e Conceição Evaristo. Esta última, vencedora do Prêmio Jabuti em 2015 com a obra “Olhos D´Água”.


Oficina de turbantes
Ainda com a intenção de reforçar a imagem da mulher negra, nesta quarta-feira, 14, foi realizada a Oficina de Turbantes. Estudantes do curso de Design de Moda do Campus Muriaé ensinaram os participantes a como utilizar o acessório como forma de disseminação da cultura negra. “O turbante é associado exclusivamente à cultura africana. É bacana ver o interesse de todos e não apenas de negros. Conhecemos uma cultura diferente e agregamos à nossa”, explicou Vitória Hellen Marçal de Sousa, que ministrou a oficina.
  
Texto: Lidiane Souza
Imagem: Daniel Leite
14/09/2016